Pressão alta, e agora?
A pressão alta é uma das queixas mais frequentes em um consultório de cardiologia. Muitos paciente procuram atendimento por terem sintomas que relacionam ao aumento da pressão ou por medidas ao acaso mostrando valores elevados da pressão. Esse dado não nos surpreende, visto que a hipertensão arterial tem uma prevalência em torno de 30% na população geral (ou seja, a cada 100 pessoas, 30 delas possuem o diagnóstico de hipertensão arterial). Apesar da grande frequência, existem muitas dúvidas em relação a esse tema e vamos conversar sobre algumas delas hoje.
Antes de mais nada, gosto de explicar aos pacientes que a pressão arterial é medida em milímetros de mercúrio (mmHg) e é composta por dois valores: o primeiro valor (conhecido como "pressão mais alta") é a pressão arterial sistólica e o segundo valor ("pressão mais baixa") é chamado de pressão diastólica. Então quando nos referimos ao valor, por exemplo, de 12 x 8mmHg (ou 120x80mmHg), o valor 12 (ou 120) corresponde à pressão sistólica e o valor 8 (ou 80) corresponde à pressão diastólica.
Vamos tirar algumas dúvidas?
1. Quais os valores ideais de pressão arterial?
A pressão arterial considerada "ótima" é aquela menor que 120x80mmHg, porém pela Diretriz Brasileira de Hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia, a pressão arterial é considerada normal até 129/85 mmHg. Valores acima desses números podem corresponder a hipertensão arterial.
2. A pressão arterial fica sempre em um valor constante?
Não. A pressão arterial sofre variações ao longo do dia conforme nossas atividades diárias. Costumo dizer que a pressão arterial "responde" a quase tudo que fazemos ao longo dia. São fatores que podem influenciar nessas oscilações: alimentação, consumo de sal e bebidas alcoólicas, atividade física, dificuldade no sono, frio, estresse emocional, ansiedade e muitos outros fatores.
3. Medi minha pressão e estava 140x90mmHg. Sou hipertenso?
Talvez. Dificilmente conseguimos fazer o diagnóstico de hipertensão arterial com uma medida isolada da pressão em consulta (exceto quando nos deparamos por valores muito elevados de pressão). O ideal é que o diagnóstico seja feito ao longo do acompanhamento médico, com medida em mais de uma consulta ou então com a realização de exames de monitorização da pressão fora do consultório, como o MAPA.
4. Fui diagnosticado com hipertensão. Precisarei tomar remédios?
Depende do grau de hipertensão. Pacientes hipertensos leves devem ser encorajados e ensinados a modificar hábitos de vida (realizar atividade física regular, parar de fumar, perda de peso quando sobrepeso ou obesidade, controle do consumo de sal e bebidas alcoólicas). Em alguns casos, a realização de medidas não-farmacológicas são suficientes para manter o adequado controle pressórico. Em casos de dificuldade no controle ou valores muito elevados de pressão, provavelmente será preciso o uso de medicamentos.
5. Toda hipertensão possui a mesma causa?
Não. A causa mais comum de pressão alta é a hipertensão essencial ou idiopática. Isso significa que a hipertensão é um distúrbio primário da regulação do próprio corpo e surge com maior frequência com o aumento da idade e quando há história familiar de hipertensão na família. Porém, em casos mais raros, a pressão alta pode ser secundária a outros problemas de saúde, como doenças dos rins, da tireóide e da glândula suprarrenal. Nesses casos, o controle da doença de base pode melhorar a até mesmo normalizar os níveis da pressão arterial.
6. A hipertensão tem cura?
Costumamos dizer que a hipertensão não tem cura, mas tem controle. Com o acompanhamento médico regular e orientações farmacológicas e não-farmacológicas adequadas, na grande maioria dos casos conseguimos manter o níveis de pressão arterial em valores ideias e com isso, prevenir as complicações à longo prazo relacionados a essa doença.
7. Tenho pressão alta e não sinto nada. Quais problemas isso pode me causar?
A hipertensão é uma doença silenciosa e na maioria das vezes não gera sintomas. Ao longo dos anos, pode levar a problemas cardíacos como aumento do risco de infarto, de arritmias e de insuficiência cardíaca. Aumenta também o risco de doenças neurológicas como AVC e demência. Além disso, acomete rins, fundo do olho (retina) e vasos sanguíneos em diversas partes do corpo. O tratamento adequado previne o surgimento dessas complicações e melhora a qualidade de vida.
Espero que esse post tenha te ajudado a esclarecer as dúvidas mais frequentes.
Tem mais alguma pergunta sobre hipertensão? Me manda no e-mail: contato@draalinecardio.com.br.
Cuidem-se bem!
Aline
Fonte: Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020 / Sociedade Brasileira de Cardiologia